terça-feira, 9 de outubro de 2007

Um trailer de Henry Miller: Trópico de Câncer

Logo na página nove: "Carregado de servidões o homem está sempre a inventar outras."
E depois, lá pra oitenta e tals:

"Durante toda a minha vida, eu vinha esperando que algo acontecesse, algum fato extrínseco que alterasse minha vida; e agora, de repente, inspirado pela absoluta desesperança de tudo (grifo meu nas construções literárias geniais), sentia-me aliviado como se tivessem arrancado um peso de meus ombros. Nada do que me acontecera até então fora suficiente para destruir-me; nada fora destruído exceto minhas ilusões. Eu mesmo estava intacto.
Até agora eu vinha tentando salvar meu precioso couro. Estou cheio disso. Atingi os limites da resistência. Encontrei Deus mas ele é insuficiente. Só espiritualmente é que estou morto. Fisicamente estou vivo. Moralmente estou livre. O mundo que abandonei é uma jaula."

"Mona. Eu não podia deixar-me pensar muito tempo a seu respeito; se o fizesse teria saltado da ponte. É estranho. Reconciliara-me tanto com esta vida sem ela, e, ainda assim, pensar nela apenas um minuto era o suficiente para perfurar o osso e a medula de meu contentamento e jogar-me de volta na agonizante sarjeta de meu miserável passado". (caramba, isto é demais!)[...]

"Compreendi então porque Paris atrai os torturados, os alucinados, os grandes maníacos do amor. Compreendi porque aqui a gente pode abraçar as mais fantásticas, as mais impossíveis teorias, sem achá-las sequer estranhas; é aqui que a gente lê de novo os livros da mocidade e que os enigmas adquirem novas significações, uma para cada cabelo branco." [...]

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