quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Moramos um mês no extinto e na época único, Hotel Boa Viagem. Logo em seguida meu pai "descobriu" que o melhor colégio era o Santa Maria. Então comprou um apartamento perto para não ter trabalho. Típico, ele a essas alturas já praticava o método de cooper no calçadão e ninguém ainda sabia o que era colesterol. De forma que quando aterrisei de paraquedas (detestei o acordo ortográfico) no Recife pós cheia de 1975, demos graças, pois era grande o número de pessoas da zona norte decididas a se estabelecer longe do Capibaribe..
Milhares de anos depois, a minha memorável turma 1979 do Santa Maria, passou a fazer encontros. Uma coisa complicada. Resolveu-se um encontro na frente da padaria Boa Viagem.
Ali nunca foi a minha praia, mas para não bancar a chata eu fui. Estavam lá algumas pessoas bacanas, e outras nem tanto como se veria a seguir. Papo vai papo vem, uma figura que eu sempre achei esquisitíssima, acompanhada de sua amiga idem, disse a seguinte pérola: "ouxe kkkk você lembra fulana, quando a gente ia fazer trabalho em grupo na casa de Angélica e o lanche era panquecas com geléia e mate gelado ( cara de horror tipo chá é para doentes) kkkk?" E a tal fulana: "lembro kkkkk". Respondi: "você queria que a minha mãe servisse o que? cuscuz com carne guisada? às 16 hs? em 1977?"
Uma pena minha amiga Silvia Mayer não estar nessa praia para me defender desse provincianismo. Porque aí já estamos em 2007 né! Bullyng na praia cem anos depois???? Como se já não bastasse todo o bullyng que sofri na escola porque eu chamava burrica de gangorra, escorrego de escorregador, birô(bureau) de escrivaninha e todas as vezes que eu pedia um apontador era lapiseira enfim e a professora não era minha tia.
Silvinha, assim como mamãe, também era gaúcha e a amizade de nossas famílias foi um oásis. A minha mãe era uma gaúcha cosmopolita, dirigia muito, lia livros inimagináveis para a época, fumava, bebia e fazia cabelos de laquê em continuação. Ela não queria vir para Recife nem a pau, foi voto vencido e vivia a chamar Recife de "aldeia" , ela tinha certa razão. Mas havia o lado romântico do balneário...Como as festinhas na cobertura do Jacarandá. Mas daí já é outra história.