sábado, 29 de março de 2008

Gal Costa e Elis Regina - Estrada do Sol








Estrada do sol
Elis Regina
e Gal Costa
Composição: Dolores Duran/Tom Jobim
É de manhã, vem o sol
Mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre que me traz esta canção
Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí sem pensar
No que foi que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão vamos sair
Pra ver o sol
O sol.............

domingo, 23 de março de 2008

Saudade



"Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre." Cecília Meireles

"Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante." Clarice Lispector

"Ter saudade é estar na presença de tua ausência." Hilda Richter

Saudades do Brasil em Portugal
Vinicius de Moraes

O sal das minhas lágrimas de amor
Criou o mar que existe entre nós dois
Para nos unir e separar
Pudesse eu te dizer
A dor que dói dentro de mim
Que mói meu coração nesta paixão
Que não tem fim
Ausência tão crue
lSaudade tão fatal
Saudades do Brasil em Portugal

Meu bem, sempre que ouvires um lamento
Crescer desolador na voz do vento
Sou eu em solidão pensando em ti
Chorando todo o tempo que perdi


CHEGA DE SAUDADE
Vinícius de Moraes

...
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim

.*.Tainá enviou 22/3/2008 01:09:
Disse fêmea ( do gaijo Jorge Palma o pá)
Mulher feita
Faz-te fêmea
Ama-te a ti mesma
O mundo espera
Cheio de tudo
Come-o, feliz, sã, gloriosa, cheia
Diz-te fêmea
Mulher feita
Eu não sabia
Que nascemos sombras
Eu não sabia
Que todos têm medo
De falhar, de perder
Não há braços de fêmea
Para embalar
O mundo
Disse fêmea
Mulher feita
Acabou-se o que era doce
Acabaram-se os amantes
O preço da mão estendida é
A pagar, a pagar,
Mais cedo ou mais tarde
Não repitas os meus erros
Menina feita mulher

sábado, 22 de março de 2008

Dicionários




Sou viciada, compulsiva, tenho coleção de dicionários e me orgulho dela. Desde os imensos aos pequenos, de antônimos e sinônimos, de política do Bobbio, inglês, italiano, espanhol, francês, de mitologia greco-romana, etc etc .


Não vou a lugar nenhum sem, pelo menos, o míni-Houaiss.


Na faculdade, como se já não bastasse o peso da nossa sacola de livros, (o peso do saber: todo professor de história que se preze tem que ter bursite - do latim bursa, 'bolsa', processo inflamatório de bolsa, em regra sinovial - com 40 anos) tenho que ter ao menos um dicionário, mesmo que eu vá de ônibus .....Como pode alguém ter vergonha ou preguiça de procurar o significado de uma palavra no dicionário? Comigo acontece o oposto. Quando eu não sei que diabos quer dizer aquela maldita palavra, aquilo fica me incomodando qual uma unha encravada, um fiapo de manga nos dentes. Enquanto eu nao me sinto com o dicionário nas mãos não tenho sossego. Mas quando a encontro....puro deleite.


Pablo Neruda em "Oda al Diccionario":

Diccionário, no eres

tumba, sepulcro, féretro,

túmulo, mausoleo,

sino preservación,

fuego escondido,

plantación de rubies,

perpetuidad viviente

de la esencia,

granero del idioma.



"Escrevo com o dicionário. Sem dicionário, não posso escrever - como escritor."

Gilberto Amado (1887-1969) membro da ABL, aos 21, 22 anos tornou-se catedrático de Direito Penal da Faculdade de Direito do Recife, jornalista, político, diplomata, poeta, ensaísta, cronista, romancista e memorialista.

quarta-feira, 19 de março de 2008

O REBU - no tempo em que as telenovelas eram geniais

O milionário Conrad Mahler, vivido por Ziembinski em O Rebu, de 1974, primeiro homossexual a aparecer numa telenovela no Brasil. Na trama, ele sustenta o garotão de praia Cauê, interpretado por Buza Ferraz. Ziembinski, no entanto, fazia um gay sem trejeitos afetados.

Jose Lewgoy e Beth Mendes belíssima


O Rebu foi mais uma experimentação no horário das dez. Excepcional criação, elenco e produção. A novela inteira se passava em dois dias: um em que se realizava a festa, e o seguinte, quando ocorria a investigação policial, numa sequência de cenas sem ordem cronológica e sem simultaneidade.
Sua ação foi dividida em três fases: o presente (a investigação do crime); o tempo da festa (o mais atuante); e as informações posteriores de cada personagem (o problema que cada um levou à recepção).
O que o telespectador sabia era que houve um crime durante a cerimônia. Todos viam um corpo boiando na piscina da casa, mas ninguém tinha noção de que personagem era, nem quem assassinou e muito menos o motivo. Um suspense que durou até o final da trama. Cabia ao telespectador ir montando o quebra-cabeça de acordo com as pistas do autor. A suspeita inicial era a de que o corpo de bruços na piscina era de um homem, mas a confusão aumentou quando mulheres brincaram de cortar os cabelos, colocando roupas masculinas. No capítulo 50 a vítima foi revelada numa tomada submarina na piscina - era Silvia (Bete Mendes). Para despistar a imprensa, também foram gravadas opções com os personagens Cauê, Kico, Lupe e Helena.
A trama da novela se passava numa festa com música ao vivo. Algumas vezes, porém, o músico Paulo César Oliveira não era escalado para as cenas, e com isso o piano acabava tocando "sozinho". O caso do "pianista fantasma" acabou virando piada no humorístico Satiricom, na própria Globo.
Pela primeira vez o homossexualismo era tratado de forma aberta numa novela. Conrad Mahler (Ziembinski) tinha um caso velado com Cauê (Buza Ferraz).
Última novela de Ziembinski, numa caracterização inesquecível - sem dúvida um de seus melhores momentos na TV.
Mas o maior vitorioso foi o autor Bráulio Pedroso, que num trunfo de ouro fez uma trama policial onde não perdurava apenas a indagação "quem matou?", mas também "quem morreu?".
Primeira novela na Globo das atrizes Tereza Rachel, Isabel Ribeiro e Bete Mendes.
Esse era o texto narrado na apresentação das cenas do próximo capítulo da novela (prática comum na época):"Festa, rebu, rebuliço... crime. O rebu. A vida de cada um. A culpa de todos".

Algumas cenas da novela: o máximo!!!!



Aqui o link da abertura da novela.....que saudade.....

terça-feira, 18 de março de 2008

Colação de grau - Universidade Federal de Pernambuco


Aqui filhinho segura o espelho para o make-up da mamãe: preparação para

mais um grande momento da famíla Soares de Araújo.

Nos bastidores: deu nervoso, todos pra lanchonete do teatro.....

Edgard, meu padrinho, 2 dias após tirar o gesso, mas ainda com a bota ortopédica, se desequilibra, tremendo na base. Mas ainda dá pra ver Ariano Suassuna(avô de João da nossa turma) de camisa azul clarinha, exatamente atrás do zagueiro contundido.

















quarta-feira, 12 de março de 2008

Homenagem à Mulher - todo dia


"Eva Tudor, Tônia(Carrêro), Eva Wilma, Leila (Diniz), Odete(Lara) e Norma (Blum), mulheres do meu tempo, liderando uma passeata em 1968. Minha maior produção são os cartazes de protesto, da retomada dos sindicatos (as famosas Chapas Dois), dos shows estudantis, as camisetas, as marcas e slogans políticos que fiz às centenas, em preto e branco, durante vinte anos que se perdem por aí. Essa foto resgata um deles: um símbolo para mim." ZIRALDO



FAMÍLIA


Três meninos e duas meninas
sendo uma ainda de colo.
A cozinheira preta, a copeira mulata,
o papagaio, o gato, o cachorro,
as galinhas gordas no palmo de horta
e a mulher que trata de tudo.

A espreguiçadeira, a cama, a gangorra,
o cigarro, o trabalho, a reza,
a goiabada na sobremesa de domingo,
o palito nos dentes contentes,
o gramofone rouco toda noite
e a mulher que trata de tudo.

O agiota, o leiteiro, o turco,
o médico uma vez por mês,
o bilhete todas as semanas
branco! mas a esperança sempre verde.
A mulher que trata de tudo
e a felicidade.


Carlos Drummond de Andrade

sábado, 8 de março de 2008

8 de Março - quase nada a comemorar

ONDE TEM VIOLÊNCIA TODO MUNDO PERDE
mote da campanha contra a violência doméstica
fonte:Portal Violência contra a mulher: http://copodeleite.rits.org.br/apc-aa-patriciagalvao/home/mapadosite.shtml

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Pernambuco

2006 - 300 mulheres assasssinadas - quase uma por dia
2007 - 323 mulheres assassinadas -
2008 - 65 mulheres até a data de hoje.

A discriminação contra a mulher começa na infância e vai até a velhice. Em alguns casos, começa até mesmo antes do nascimento, na seleção do sexo do embrião.

Tipos de violência

Violência contra a mulher - é qualquer conduta - ação ou omissão - de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer tanto em espaços públicos como privados.
Violência de gênero - violência sofrida pelo fato de se ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra condição, produto de um sistema social que subordina o sexo feminino.
Violência doméstica - quando ocorre em casa, no ambiente doméstico, ou em uma relação de familiaridade, afetividade ou coabitação.
Violência familiar - violência que acontece dentro da família, ou seja, nas relações entre os membros da comunidade familiar, formada por vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filha etc.) ou civil (marido, sogra, padrasto ou outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou tio do marido) ou afetividade (amigo ou amiga que more na mesma casa).
Violência física - ação ou omissão que coloque em risco ou cause dano à integridade física de uma pessoa.
Violência institucional - tipo de violência motivada por desigualdades (de gênero, étnico-raciais, econômicas etc.) predominantes em diferentes sociedades. Essas desigualdades se formalizam e institucionalizam nas diferentes organizações privadas e aparelhos estatais, como também nos diferentes grupos que constituem essas sociedades.
Violência intrafamiliar/violência doméstica - acontece dentro de casa ou unidade doméstica e geralmente é praticada por um membro da família que viva com a vítima. As agressões domésticas incluem: abuso físico, sexual e psicológico, a negligência e o abandono.
Violência moral - ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação da mulher.
Violência patrimonial - ato de violência que implique dano, perda, subtração, destruição ou retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores.
Violência psicológica - ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal.
Violência sexual - acão que obriga uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal. Considera-se como violência sexual também o fato de o agressor obrigar a vítima a realizar alguns desses atos com terceiros.Consta ainda do Código Penal Brasileiro: a violência sexual pode ser caracterizada de forma física, psicológica ou com ameaça, compreendendo o estupro, a tentativa de estupro, o atentado violento ao pudor e o ato obsceno.
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Fases da violência doméstica
As fases da situação de violência doméstica compõem um ciclo que pode se tornar vicioso, repetindo-se ao longo de meses ou anos.
Primeiro, vem a fase da tensão, que vai se acumulando e se manifestando por meio de atritos, cheios de insultos e ameaças, muitas vezes recíprocos. Em seguida, vem a fase da agressão, com a descarga descontrolada de toda aquela tensão acumulada. O agressor atinge a vítima com empurrões, socos e pontapés, ou às vezes usa objetos, como garrafa, pau, ferro e outros. Depois, é a vez da fase da reconciliação, em que o agressor pede perdão e promete mudar de comportamento, ou finge que não houve nada, mas fica mais carinhoso, bonzinho, traz presentes, fazendo a mulher acreditar que aquilo não vai mais voltar a acontecer.
É muito comum que esse ciclo se repita, com cada vez maior violência e intervalo menor entre as fases. A experiência mostra que, ou esse ciclo se repete indefinidamente, ou, pior, muitas vezes termina em tragédia, com uma lesão grave ou até o assassinato da mulher.
Violência e saúde (física e psicológica)
A violência contra a mulher, além de ser uma questão política, cultural, policial e jurídica, é também, e principalmente, um caso de saúde pública. Muitas mulheres adoecem a partir de situações de violência em casa.
Muitas das mulheres que recorrem aos serviços de saúde, com reclamações de enxaquecas, gastrites, dores difusas e outros problemas, vivem situações de violência dentro de suas próprias casas.
A ligação entre a violência contra a mulher e a sua saúde tem se tornado cada vez mais evidente, embora a maioria das mulheres não relate que viveu ou vive em situação de violência doméstica. Por isso é extremamente importante que os/as profissionais de saúde sejam treinadas/os para identificar, atender e tratar as pacientes que se apresentam com sintomas que podem estar relacionados a abuso e agressão.
Violência e saúde mental
A mulher não deve ser vista apenas como uma “vítima” da violência que foi provocada contra ela, mas como elemento integrante de uma relação com o agressor que ocorre em um contexto bastante complexo, que às vezes se transforma em uma espécie de jogo em que a “vítima” passa a ser “cúmplice”.
A mulher às vezes faz uma denúncia formal contra o agressor em uma delegacia especializada para, logo depois, retirar a queixa. Outras vezes, ela foge para uma casa-abrigo levando consigo as crianças por temer por suas vidas e, algum tempo depois, volta ao lar, para o convívio com o agressor. São situações que envolvem sentimentos, forças inconscientes, fantasias, traumas, desejos de construção e destruição, de vida e de morte.
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O custo econômico da violência doméstica
Segundo dados do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento:
· Um em cada 5 dias de falta ao trabalho no mundo é causado pela violência sofrida pelas mulheres dentro de suas casas.
· A cada 5 anos, a mulher perde 1 ano de vida saudável se ela sofre violência doméstica.
· O estupro e a violência doméstica são causas importantes de incapacidade e morte de mulheres em idade produtiva.
· Na América Latina e Caribe, a violência doméstica atinge entre 25% a 50% das mulheres.
· Uma mulher que sofre violência doméstica geralmente ganha menos do que aquela que não vive em situação de violência.
· No Canadá, um estudo estimou que os custos da violência contra as mulheres superam 1 bilhão de dólares canadenses por ano em serviços, incluindo polícia, sistema de justiça criminal, aconselhamento e capacitação.
· Nos Estados Unidos, um levantamento estimou o custo com a violência contra as mulheres entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões ao ano.
· Segundo o Banco Mundial, nos países em desenvolvimento, estima-se que entre 5% a 16% de anos de vida saudável são perdidos pelas mulheres em idade reprodutiva como resultado da violência doméstica.
· Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento estimou que o custo total da violência doméstica oscila entre 1,6% e 2% do PIB de um país.
Violência sexual e DSTs/contracepção de emergência
A violência sexual expõe as mulheres e meninas ao risco de contrair DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e de engravidar.
A violência e as ameaças à violência limitam a capacidade de negociar o sexo seguro. Além disso, estudos mostraram que a violência sexual na infância pode contribuir para aumentar as chances de um comportamento sexual de risco na adolescência e vida adulta.
Outra questão importante é que a revelação do status sorológico (estar com o HIV) para o parceiro ou outras pessoas também pode aumentar o risco de sofrer violência.
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Assédio sexual
O assédio sexual é um crime que acontece em uma relação de trabalho, quando alguém, por palavras ou atos com sentido sexual, incomoda uma pessoa usando o poder que tem por ser patrão, chefe, colega ou cliente.
Segundo o Código Penal - artigo 216-A, incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de maio de 2001 - o crime de assédio sexual prevê pena de detenção, de 1 a 2 anos.
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O número de denúncias aumentou bastante nos últimos anos, devido a uma das principais ações de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes: a divulgação do disque-denúncia (0800-99-0500), número do Sistema Nacional de Combate à Exploração Sexual Infanto-Juvenil, mantido pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia http://www.abrapia.org.br/).
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Violência contra as mulheres negras e indígenas
No Brasil, as mulheres negras e indígenas carregam uma pesada herança histórica de abuso e violência sexual, tendo sido por séculos tratadas como máquinas de trabalho e sexo, sem os direitos humanos básicos.
Hoje, as mulheres negras e indígenas sofrem uma dupla discriminação - a de gênero e a racial - acrescida de uma terceira, a de classe, por serem em sua maioria mulheres pobres.
Todos esses fatores aumentam a vulnerabilidade dessas mulheres, que muitas vezes enfrentam a violência não apenas fora, mas também dentro de suas casas.

DIA Internacional de combate à violência contra a Mulher -


Na definição da Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, adotada pela OEA em 1994), a violência contra a mulher é “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”.
“A violência contra as mulheres é uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno avanço das mulheres...”
Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, dezembro de 1993.


A Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos (Viena, 1993) reconheceu formalmente a violência contra as mulheres como uma violação aos direitos humanos. Desde então, os governos dos países-membros da ONU e as organizações da sociedade civil têm trabalhado para a eliminação desse tipo de violência, que já é reconhecido também como um grave problema de saúde pública.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), “as conseqüências do abuso são profundas, indo além da saúde e da felicidade individual e afetando o bem-estar de comunidades inteiras.”
De onde vem a violência contra a mulher?


A Violência acontece porque em nossa sociedade muita gente ainda acha que o melhor jeito de resolver um conflito é a violência e que os homens são mais fortes e superiores às mulheres. É assim que, muitas vezes, os maridos, namorados, pais, irmãos, chefes e outros homens acham que têm o direito de impor suas vontades às mulheres.
Embora muitas vezes o álcool, drogas ilegais e ciúmes sejam apontados como fatores que desencadeiam a violência contra a mulher, na raiz de tudo está a maneira como a sociedade dá mais valor ao papel masculino, o que por sua vez se reflete na forma de educar os meninos e as meninas. Enquanto os meninos são incentivados a valorizar a agressividade, a força física, a ação, a dominação e a satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela beleza, delicadeza, sedução, submissão, dependência, sentimentalismo, passividade e o cuidado com os outros.

Onde você quer chegar?


Alice perguntou ao coelho:
_ Qual estrada devo seguir?
_ Depende de onde você quer chegar!
E como Alice não soubesse, disse-lhe o coelho :
_ Então qualquer estrada servirá.

quarta-feira, 5 de março de 2008

No tempo em que as mulheres eram de verdade ou Meia Idade Inteira Parte II


Vera Gimenez: uma deusa


sem lipoaspiração,

silicone




ou
Photoshop

No tempo em que as mulheres eram de verdade....




Monique Lafond, ontem e hoje, que fazia sucesso exatamente porque não tinha
não tinhas seios !

Eu acho liiindo mulher de seios muito pequenos!

Por que nos mutilamos? (Lya Luft)
"Uma maturidade tranqüila e uma velhice elegante é preferível, à caricatura em que nos tornamos na busca da juventude eterna que é também uma ilusão"
Numa página de revista, um espetáculo deprimente: uma mi-lionária americana de 62 anos expondo um rosto tão desfigurado por plásticas, preenchimentos e outros processos que não era só feio e disforme, mas assustador. Nada mais ali combinava, as sobrancelhas em alturas diferentes, os olhos artificialmente enviesados estavam desemparelhados e o nariz sumia num rosto de lua cheia, fruto de inadequados esticamentos e exageradas invasões.
Há poucos dias vi uma conhecida que não encontrava fazia anos. Senti um choque. O corpo elegante de uma mulher madura era o mesmo. O rosto era uma coisa redonda e intumescida, lisa, com pouco das verdadeiras e simpáticas feições de que eu me lembrava. Os lábios enormes, com algo de genital, os olhos pequenos demais, e seu nariz adunco, em lugar de ter sido corrigido para um pouco menos adunco – embora nunca tivesse sido feio –, era uma pobre batatinha perdida numa paisagem inexpressiva.

Não sou "contra cirurgia plástica". Eu mesma, viúva de maneira súbita e brutal, aos 51 anos tinha o rosto devastado pelo abalo. Fiz um lifting discretíssimo e pequeno, que não me rejuvenesceu – nem eu quereria –, mas talvez tenha tirado um pouco do ar cansado e triste demais.
Portanto, sou a favor de recursos, não para enganar o tempo, o que em geral acaba em resultados desfavoráveis e patéticos, pedindo sempre mais e mais intervenções, mas para abrandar, eventualmente corrigir. A fim de que a pessoa, homem ou mulher, se sinta bem na própria pele.
Não é a juventude que interessa, mas a felicidade e a alegria. Olhar-se no espelho e poder dizer: bem, esta sou eu, aqui está a minha história, o que for excessivo vou corrigir, mas não quero ser uma adolescente eterna, a não ser que minha alma permaneça infantilóide.
Pois a juventude nunca foi a melhor época da vida nem a única época interessante, embora possa cintilar e ferver mais. A cada fase da vida seu próprio encanto e, claro, suas próprias dores. Então, quem sabe a gente – homens e mulheres – procure gostar de si um pouco mais, trocando a fatal tentativa de negar o tempo por saúde, equilíbrio, beleza real e alegria, que fazem um bocado de falta neste mundo nosso.

E Lya vai além em sua luta contra os estereótipos sociais: "Essas coisas que obrigam as pessoas a ser atletas. Hoje é quase uma imposição: a ordem é fazer sexo sem parar, o tempo todo. A ordem é não fumar, não beber. É essa loucura o dia inteiro na cabeça. Quem não for resistente acaba enlouquecendo. E a vida fica para trás. Hoje as pessoas estão sofrendo muito. Um sofrimento absolutamente desnecessário. Especialmente as mulheres que fazem plástica logo que vêem uma ruga no rosto. Plásticas de inteira inutilidade. Na ambição de serem sempre jovens, as mulheres acabam perdendo o próprio rosto. São os falsos mitos da juventude para sempre. E isso também inclui a febre atual da mídia, particularmente nas revistas femininas. Só se fala como se pode ter vários orgasmos numa única noite. Só se fala em como a mulher deve agir para segurar seu homem pelo sexo, especialmente o oral. São fórmulas de um mundo conturbado, que foge ao afeto, distante de qualquer felicidade. Essa é outra coisa para o enlouquecimento. Em todo lugar, o que existe é a supervalorização do sexo. Quem não estiver fazendo sexo sem parar o tempo todo passa a ser anormal. Muita gente fica complexada porque não consegue vários orgasmos numa noite. É tudo uma imposição". A autora diz ser uma constatação precária dizer que ela escreve sobre mulheres. Mulheres não são seus personagens exclusivos. “Escrevo sobre o que me assombra”.

sábado, 1 de março de 2008

Bruna Lombardi - poeta

UMA MULHER

uma mulher caminha nua pelo quarto

é lenta como a luz daquela estrela

é tão secreta uma mulher que ao vê-la

nua no quarto pouco se sabe dela

a cor da pele, dos pêlos, o cabelo

o modo de pisar, algumas marcas

a curva arredondada de suas ancas

a parte onde a carne é mais branca

uma mulher é feita de mistérios

tudo se esconde: os sonhos, as axilas,a vagina

ela envelhece e esconde uma menina

que permanece onde ela está agora

o homem que descobre uma mulher

será sempre o primeiro a ver a aurora
fonte: LOMBARDI, Bruna. O Perigo do Dragão.