na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais novacasou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
José Luís Peixoto, in "A Criança em Ruínas"
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Um comentário:
Então, vc falou do jovem Peixoto e eu lembrei do velho Pacheco, um louco louco, miserável e genial, abominado e respeitado, pedófilo, pederasta, pai de uma dúzia de filhos, comedor de menininhas, depravado encartado, bêbado e louco. Não encontrei ainda o texto que procurava, sobre uma ceia de Natal, mas "O cachecol do artista" já dá uma ideia. Bjos Manuel
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