Andrè Comte-Sponville - "O sábio é um homem de ação"

Um dos meus filósofos preferidos da atualidade é o francês Andrè Comte-Sponville. Vejamos um pouco de seu pensamento. Espero que seja útil para você como o foi para mim.
Filosofia sem utilidade perde a razão de ser.

"Se você busca uma alegria contínua e soberana, ou mesmo, a ausência total de sofrimento e angústia, certamente nunca será feliz. Em busca da felicidade absoluta, nós nos proibimos de viver as felicidades relativas e nos tornamos infelizes. Se, ao contrário, entender como felicidade o fato de não ser infeliz ou, simplesmente, de poder desfrutar algumas alegrias, a felicidade não é impossível. E será feliz somente por não ser triste. Á exceção, claro, dos momentos mais difíceis da vida.
Não há como se sentir alegre permanentemente. Isso é impossível. Mas há como sentir que podemos ser felizes por nós mesmos, sem que nada de essencial mude no mundo. A infelicidade se instala quando nossas alegrias dependem totalmente de circunstâncias externas. Felicidade é desejar o que depende de você, em vez de desejar o que depende dos outros. A sabedoria está muito mais do lado da vontade que da esperança. Mais próxima da ação, do que da fé. O sábio é um homem de ação. Ele é o oposto de um sonhador ou de um utópico, o inverso de um espírito submisso ou passivo.
Existem imbecis felizes e gênios infelizes. Ideal seria escolher uma terceira via: a dos sábios que não se apóiam na esperança como muleta. Mas a sabedoria é algo distinto da genialidade. Tampouco tem a ver com desatino ou tolice. A sabedoria, é sim, um certo tipo de felicidade. Mas nada tem a ver com felicidade ilusória, conseguida por drogas ou pela ignorância. A sabedoria é a felicidade dentro da verdade. É o máximo de felicidade associado ao máximo de lucidez. Essa é a meta da filosofia. Nesse caminho, há muitas ilusões a perder e algumas verdades desagradáveis a confrontar.
Filosofar é pensar sua vida e viver seu pensamento. Em que medida isso pode nos aproximar da felicidade? Ficando mais perto da verdade, nós nos libertamos de várias ilusões e esperanças tolas. Isso nos ajuda a amar a vida mais do que amar a felicidade, a verdade mais do que a fantasia, o amor mais do que a fé ou a esperança.
Segundo Freud, a depressão ou a melancolia é a perda da capacidade de amar. Não é a fé que falta aos deprimidos, é o amor.
Mais vale uma tristeza autêntica do que uma felicidade mentirosa. É preciso sempre ter coragem para enfrentar a melancolia ou a tristeza quando surgem. É o único caminho.
Desespero no sentido literal de não esperar por nada. Esperança- esperar. Desespero – não esperar. A ausência da esperança pode se tornar o núcleo propulsor da felicidade. Nesse sentido o desespero não é infelicidade, muito ao contrário. Enquanto se espera a felicidade, não se é feliz. Quando somos felizes não há mais nada a esperar. O que chamei de desespero feliz se aproxima do que Nietzsche considerava “um saber feliz”: é alegrar-se com o que é, e não esperar o que não é. Conhecer mais que crer. Amar e agir, mais que esperar e temer. Preocupe-se menos com a própria felicidade e mais com a dos outros.
Deve-se desejar o presente com todas as forças.
Sexo: Quando você faz amor, o que mais deseja? O orgasmo? Ou o ato em si? Se for o orgasmo, a masturbação é o meio mais rápido. Mas quando se faz amor, o bom é fazer, aqui e agora, e não desejar nada além do tempo presente que nos absorve por completo.
Esperança:A esperança é uma armadilha porque só esperamos o que não temos. Ser feliz é desejar o que temos, ou o que é. Esperar é ter medo. Ser feliz é ser sereno. O conteúdo da felicidade é a alegria. Não há alegria maior que amar. A felicidade não é um ânimo absoluto, mas um movimento, um equilíbrio instável e frágil que se deve cultivar incessantemente. Para cultivar a felicidade devemos renunciar à sua perenidade, aceitando a sua fragilidade. Admitindo que a felicidade é fugaz. Adaptando seus desejos às adversidades da existência, amando a vida e o amor. É preciso amar a vida.
ESPERE UM POUCO MENOS. AME E AJA UM POUCO MAIS."