sexta-feira, 27 de junho de 2008

Traição na internet: Betty Milan ótima como sempre na veja.com

Tenho 42 anos e 17 de casamento. Meu marido se relaciona com pessoas na internet desde 1996. Descobri isso, lendo a resposta de uma mulher que se relacionava com ele, no e-mail conjunto que tínhamos. Fiquei chocada, mas deixei que ele a encontrasse numa viagem. Voltou prometendo não repetir a experiência, porém continuou procurando pessoas em chats de sexo. Há alguns meses descobri que há um site com fotos dele nu da cintura para baixo, o pênis ereto.
Não suportei e contei que sabia. Ele respondeu que faz isso por impulso e ainda porque a vida é monótona. No entanto, diz que sou uma boa esposa, carinhosa, etc. A meu ver, ele tem um vício que precisa ser tratado. Só que ele já fez psicanálise uma vez e não quer mais saber. Tenho raiva de mim por não sair dessa situação. Sei que contribuo para que o vício dele continue.
Quero me separar e sinto pena. Porque o meu marido está num momento profissional delicado. Não quero mais viver com uma pessoa como ele, embora ainda o ame. Preciso saber se o que ele faz é ou não normal. Se eu tenho que aceitar ou se estou errada. Não tenho nenhuma vontade de procurar sites de sexo e fazer o que ele faz.
A resposta que o seu marido deu quando você descobriu o site onde ele aparece nu, é credível. Ele se exibe, por um lado, para satisfazer uma pulsão à qual não resiste – uma pulsão exibicionista. Por outro lado, quer variar de objeto sexual. Há quem saiba viver uma vida que não seja monótona com uma única pessoa e há quem precise de muitos parceiros para se contentar. Um cônjuge pode ou não aceitar essa condição, que todo libertino impõe.
A conduta do seu marido é perversa – porque o prazer é a única lei do desejo dele – mas não é patológica e não requer tratamento necessariamente. Você é que não tolera a conduta e deveria procurar alguém que possa te escutar para saber que rumo dar à sua vida. Vai ser a "boa esposa, carinhosa" até o fim dos seus dias ou vai mudar de ares porque sofre na posição em que está?
Muitas mulheres aceitaram ser a dita esposa. Sobretudo na França do século 18, onde o libertino se opunha à moral burguesa, fazendo a apologia da inconstância e do prazer dos sentidos. Se você quiser se aprofundar nesta filosofia, leia Ligações Perigosas de Laclos. Neste romance, a relação entre os sexos é uma questão de pura estratégia e ninguém deve nada se não a si mesmo.
Você me pergunta se está ou não errada. A meu ver a pergunta é outra: Quer ou não um companheiro que não vai abrir mão da libertinagem? Está casada há 17 anos e há 11 anos ele se entrega a ela. Dificilmente vai mudar. Nem por isso, ele é má pessoa e precisa ser julgado. Você, aliás, tende a ser tolerante e isso é um mérito seu. Desde que a tolerância não te impeça de tomar a decisão certa. Ou seja, a melhor para você.

Mais causos do tipo em:

http://vejaonline.abril.com.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=1291

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