segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

101 Dias em Bagdá - Asne Seierstad

Li pouco nestas férias. Não falo de revistas e jornais, mas livros.

Visitas, praia, passeios, e o resultado: li apenas dois livros.

O lado bom: foram dois livros S E N S A C I O N A I S !
101 Dias em Bagdá. A autora é uma jornalista correspondente de guerra. A mesma do best seller O Livreiro de Cabul. Esteve no Kosovo, Chechênia e Afeganistão. Estava no Iraque antes da chegada dos americanos. Ela narra o antes, o durante e o depois. Relata o que viu e viveu em Bagdá entre os meses de janeiro e abril de 2003. Faz uma crônica do cotidiano na Guerra do Iraque, mostrando como vivem os iraquianos, como reagem durante os bombardeios, suas opiniões sobre o regime deposto de Saddam Hussein, as expectativas em relação ao futuro e a censura à imprensa estrangeira. Trabalhando para oito órgãos de imprensa de oito países diferentes, todos o dias ela fazia transmissões ao vivo para televisões da Noruega, Holanda e Alemanha. Sempre em busca de histórias menos óbvias, procurou expor o universo do conflito além das manchetes. Mesmo proibida pelo ministério da informação, saia às ruas entrevistando pessoas, descobrindo o que acontece diante de situações-limite, quando as explosões interrompem o fornecimento de eletricidade, água e outros serviços essenciais. A autora traz à vida um elenco de personagens inesquecíveis, como Aliya, guia e intérprete que se tornou amiga. Descobriu personagens valiosos como o melancólico dono de uma livraria que, por conta da primeira invasão americana, em 1991, não dispunha de nada novo desde aquela data, frustrando fregueses fiéis como um fã de Jean Paul Sartre ou o rapaz disposto a descobrir se realmente era possível clonar humanos, como ouvira dizer. Asne contou também com a cumplicidade dos iraquianos, desde a dupla de motoristas Abbas e Amir até Kadim, funcionário do Ministério da Informação encarregado de controlar o período de permanência dos jornalistas no país.
Maurício de Nassau e o Brasil Holandes. Correspondência com os Estados Gerais.
Décimo segundo trabalho do já consagrado historiador pernambucano Fernando da Cuz Gouvêa, o livro nasceu de um artigo publicado em 1979 no nº 51 da Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. (Aliás essa fabulosa revista voltará a ser publicada pela CEPE). Com uma pesquisa profunda e meticulosa ele não apenas apresenta a correspondência do conde-governador do Brasil Holandês com os diretores da Companhia das índias Ocidentais na Holanda´, como analisa o contexto da chegada, os motivos da partida e os sete anos de permanência na Mauritsstad. É apaixonante ler sobre aquele nobre alemão de 33 anos de idade com propósitos tão definidos e decisões militares inteligentes. O livro descreve a chegada do conde, com sua comitiva de artistas, intelectuais e cientistas. Trouxe para o Brasil propósitos de civilização, não se conformando com a exploração pura e simples. As cartas se sucedem e ficamos sabendo pormenores. Como o aviso que Nassau deu aos holandeses do perigo iminente. Portugueses e nativos se uniam preparando a sublevação. Bom, muito bom!

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