quarta-feira, 5 de março de 2008

No tempo em que as mulheres eram de verdade ou Meia Idade Inteira Parte II


Vera Gimenez: uma deusa


sem lipoaspiração,

silicone




ou
Photoshop

No tempo em que as mulheres eram de verdade....




Monique Lafond, ontem e hoje, que fazia sucesso exatamente porque não tinha
não tinhas seios !

Eu acho liiindo mulher de seios muito pequenos!

Por que nos mutilamos? (Lya Luft)
"Uma maturidade tranqüila e uma velhice elegante é preferível, à caricatura em que nos tornamos na busca da juventude eterna que é também uma ilusão"
Numa página de revista, um espetáculo deprimente: uma mi-lionária americana de 62 anos expondo um rosto tão desfigurado por plásticas, preenchimentos e outros processos que não era só feio e disforme, mas assustador. Nada mais ali combinava, as sobrancelhas em alturas diferentes, os olhos artificialmente enviesados estavam desemparelhados e o nariz sumia num rosto de lua cheia, fruto de inadequados esticamentos e exageradas invasões.
Há poucos dias vi uma conhecida que não encontrava fazia anos. Senti um choque. O corpo elegante de uma mulher madura era o mesmo. O rosto era uma coisa redonda e intumescida, lisa, com pouco das verdadeiras e simpáticas feições de que eu me lembrava. Os lábios enormes, com algo de genital, os olhos pequenos demais, e seu nariz adunco, em lugar de ter sido corrigido para um pouco menos adunco – embora nunca tivesse sido feio –, era uma pobre batatinha perdida numa paisagem inexpressiva.

Não sou "contra cirurgia plástica". Eu mesma, viúva de maneira súbita e brutal, aos 51 anos tinha o rosto devastado pelo abalo. Fiz um lifting discretíssimo e pequeno, que não me rejuvenesceu – nem eu quereria –, mas talvez tenha tirado um pouco do ar cansado e triste demais.
Portanto, sou a favor de recursos, não para enganar o tempo, o que em geral acaba em resultados desfavoráveis e patéticos, pedindo sempre mais e mais intervenções, mas para abrandar, eventualmente corrigir. A fim de que a pessoa, homem ou mulher, se sinta bem na própria pele.
Não é a juventude que interessa, mas a felicidade e a alegria. Olhar-se no espelho e poder dizer: bem, esta sou eu, aqui está a minha história, o que for excessivo vou corrigir, mas não quero ser uma adolescente eterna, a não ser que minha alma permaneça infantilóide.
Pois a juventude nunca foi a melhor época da vida nem a única época interessante, embora possa cintilar e ferver mais. A cada fase da vida seu próprio encanto e, claro, suas próprias dores. Então, quem sabe a gente – homens e mulheres – procure gostar de si um pouco mais, trocando a fatal tentativa de negar o tempo por saúde, equilíbrio, beleza real e alegria, que fazem um bocado de falta neste mundo nosso.

E Lya vai além em sua luta contra os estereótipos sociais: "Essas coisas que obrigam as pessoas a ser atletas. Hoje é quase uma imposição: a ordem é fazer sexo sem parar, o tempo todo. A ordem é não fumar, não beber. É essa loucura o dia inteiro na cabeça. Quem não for resistente acaba enlouquecendo. E a vida fica para trás. Hoje as pessoas estão sofrendo muito. Um sofrimento absolutamente desnecessário. Especialmente as mulheres que fazem plástica logo que vêem uma ruga no rosto. Plásticas de inteira inutilidade. Na ambição de serem sempre jovens, as mulheres acabam perdendo o próprio rosto. São os falsos mitos da juventude para sempre. E isso também inclui a febre atual da mídia, particularmente nas revistas femininas. Só se fala como se pode ter vários orgasmos numa única noite. Só se fala em como a mulher deve agir para segurar seu homem pelo sexo, especialmente o oral. São fórmulas de um mundo conturbado, que foge ao afeto, distante de qualquer felicidade. Essa é outra coisa para o enlouquecimento. Em todo lugar, o que existe é a supervalorização do sexo. Quem não estiver fazendo sexo sem parar o tempo todo passa a ser anormal. Muita gente fica complexada porque não consegue vários orgasmos numa noite. É tudo uma imposição". A autora diz ser uma constatação precária dizer que ela escreve sobre mulheres. Mulheres não são seus personagens exclusivos. “Escrevo sobre o que me assombra”.

Nenhum comentário: