sexta-feira, 26 de abril de 2019




Minha mãe e Edgard, meu irmão, encontraram o relato abaixo, escrito à máquina de escrever em uma folha já amarelada pelo tempo, entre as lembranças deixadas pela minha avó Helga. 
Não sabemos a autoria.
MORREU DE CONFUSÃO
Foi encontrada no bolso de um suicida em Maceió, a seguinte carta:
"Ilmo Sr. Delegado:
Não culpe ninguém pela minha morte, deixei esta vida porque um ano mais que vivesse, acabaria ficando louco!
Foi o seguinte:
Eu tive a maldita sorte de casar-me com uma viúva, a qual tinha uma filha. Se eu soubesse disso, jamais teria me casado. Meu pai, para maior desgraça, era viúvo, e quis a fatalidade que ele se enamorasse e casasse com a filha de minha mulher.
Resultou daí, que minha mulher tornou-se sogra de meu pai e minha enteada ficou sendo minha mãe. E meu pai, ao mesmo tempo, era meu genro. Após algum tempo, minha filha trouxe ao mundo um menino, que veio a ser meu irmão, porém neto de minha mulher, de maneira que fiquei sendo avô de meu irmão.
Com o decorrer do tempo, minha mulher deu à luz a um menino que, como irmão de minha mãe, era cunhado de meu pai e tio de seu filho, passando a minha mulher a ser nora de sua filha.
Eu, Sr. Delegado, fiquei sendo pai de minha mãe e ela, irmã de meus filhos. Minha mulher ficou sendo minha avó, já que é mãe de minha mãe, e, assim, fiquei sendo avô de mim mesmo.
Portanto, Sr. Delegado, antes que as coisas se compliquem ainda mais, resolvi deixar este mundo.
Perdão, Sr. Delegado.
Ass.: Fulano Detal"
Obs.: Consta que, após ter lido esta carta, o Delegado se suicidou.

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