sábado, 25 de fevereiro de 2017

Naquela época dava-se muita importância ao êxodo de nordestinos que, através do seu último pau de arara, eram obrigados a deixar suas terras em busca de uma vida mais digna no sudeste do pais.
Esses nordestinos construíram a região mais rica do Brasil.
Mas, havia um forte movimento no sentido contrário. Haviam os executivos das grandes empresas     ( subsidiadas pela SUDENE) que , deixavam o sul maravilha em busca do enriquecimento, baseado na ausência de mão de obra especializada. E foi assim que o meu pai e o pai daquela que viria a ser a minha melhor amiga, Silvia Mayer e o pai de um monte de amigos, "colonizaram o bairro de Boa Viagem".  Antes disso, a indiferença com Boa Viagem era grande. Só havia a ponte do cabanga, ela era ida e volta Ohh!
Hotel Boa Viagem onde moramos por um mês

Esses executivos faziam realmente questão de morar na praia. Eles foram responsáveis (eles e a cheia de 75) pelo "Boom" de crescimento imobiliário do bairro nas décadas de 70 e 80.
Para você ter uma idéia, os capítulos das novelas chegavam por avião, três dias após serem exibidos no sul. Um dia o avião caiu com Selva de Pedra... e, never more.
Lá em casa, a primeira grande crise foi alimentar. Minha mãe era gaúcha e nunca tinha visto um coentro na vida,  ficou horrorizada. E quando descobriu que salada aqui era sinônimo de alface e tomate surtou. Acelga, rúcula, brócolis, (pra não falar em chicoria, escarola, mostarda, alcachofra...) em Recife nessa época, nem pensar.   Os japoneses ainda nao haviam chegado aqui . Para minha mãe cominho e colorau eram substâncias demoníacas e precisamos contar com um amigo comissario de bordo que traficava salsa de quinze em quinze dias. Haviam pelo menos uns cem ingredientes necessários á saúde mental de minha mae que não existiam aqui. Nessas horas de dificuldade, o  CTG, centro de tradiçoes gauchas, cujo presidente por anos foi  o dono do Restaurante Laçador , foi de grande ajuda.

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