quarta-feira, 1 de maio de 2019

Aprendendo vulnerabilidade




Hoje na praia, maré seca eu boiei. Boiei o máximo de tempo que eu pude. 
Dezembro e janeiro, na piscina dos Pig também boiei pra caramba. 
Agora eu dei pra boiar kkkkk Lembrando do meu pai. 
Meu pai era muito lúdico. Ele não tinha vergonha de nada, não se importava de ficar "vulnerável", se isso lhe trouxesse alegria. Bastava ele ver água do mar e logo estava ele lá boiando, braços e pernas abertos. E veja bem, ele era praticamente uma letra L: 1.62, pés 42. Então, da areia a gente só via aquele pezão branco lá, eternamente boiando. ( tinha que ver ele caminhando no calçadão de boa viagem: "passadas grandes com grande balanceamento dos braços" dizia ele aos gritos para o desavisado acompanhante, (ensinando o método do dr Cooper)  um espetáculo. Minha mãe sentia vergonha, da espontaneidade dele, então a gente também passou a sentir. Se a gente entrasse na água então, tinha que boiar. Podia ser no Acaiaca no auge dos anos 70. Por isso a gente não entrava nem a pau. Só se a praia estivesse deserta. Que pena. Perdi ótimas oportunidades de boiar com meu pai vendo o movimento das nuvens...
 Lúdico, brincante.  Minha lembrança vai ainda mais longe. Corta para o interior de São Paulo, final dos anos 60. Festinha lá em casa? platéia?  ele dançava frevo. O ponto forte era aquele passo de rapidamente se agachar e levantar diversas vezes para espanto total da platéia. Falava e ria alto nem aí, hahaha. E se chovesse, no final de semana em alguma hora oportuna, ele me chamava correndo; "vai! coloca o biquini!", ele colocava a sunga, hahaha e ia pro jardim muito feliz, qual sertanejo na primeira chuva após longa estiagem. Corríamos pra lá e pra cá, tomando banho de chuva, rindo da minha mãe que gritava "ela vai gripar"... Uma festa. Os vizinhos - bairro de classe média alta - boquiabertos não entendiam o que aquele  "paraíba baixinho" estava fazendo. Isso explica a minha euforia até hoje todas as vezes que chove. Ah! foi ele quem me ensinou a andar de bicicleta mas isso já é uma outra história.

Nenhum comentário: