domingo, 10 de janeiro de 2010

Quando a literatura me traduz

O pernambucano Osman Lins no conto Noivado

- Sua mãe procurava dar a impressão de mártir. De uma santa. Nunca vi alguém mais preocupado, neste mundo, em ter uma aparência angélica. [...] Nunca sabia nada, a ingênua. Tinha sempre a cabeça meio pendida, como a das imagens baratas, e as mãos cruzadas no regaço. Ignorava os escândalos mais notórios. Para fingir que não se ocupava dos assuntos alheios e ouvir mais uma vez, com novos pormenores, o que já sabia. Sempre admirando-se.
- Apesar dos pesares, era boa mulher e carinhosa comigo. [...] Insistia para que eu casasse. Contanto que ficasse em sua companhia.
- Sabia que mulher nunhuma aguentaria isto. Sua maneira oblíqua de atormentar era invencível.
- Não é piedoso falar assim dos mortos.
- Acho que, quando não se tem substância tudo é pretexto para negações.

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